Começamos o ano de 2020 cheios de esperanças por acontecimentos melhores do que aqueles que tivemos em 2019. Confesso que faço parte desse grupo.
Obviamente, cada um de nós tem uma ideia diferente sobre “melhores acontecimentos” de acordo com nossas crenças e percepções, mas uma coisa é fato:
- Para a grande maioria de nós, simples mortais, queremos manter as coisas como são e como gostamos!
Ah o Ego !!!
O ego é uma parte interessante de quem somos, ele gosta de tudo do mesmo jeitinho, fácil, fácil, pra não ter muito trabalho com o processo todo da vida.
Como uma criança de 3 anos, ele gosta da rotina, de saber que vai ter aquele sorvete gostoso de sobremesa, de encontrar os brinquedos sempre ali à disposição.
Aí vem 2020 e… boom ! Muda tudo !!!
Nos mostra que a rotina não será possível e nos coloca numa posição em que não nos damos muito bem;
- A mudança dos planos, o desafio da quarentena imposta por um bichinho invisível e a realização de que nada permanece.
Nossa única certeza é a de que tudo muda e a permanência não existe !!
A prática do Yoga nos ensina isso todos os dias quando pisamos no tapetinho. A impermanência está em cada postura, em cada respiração, e em cada transição.
Observe sua prática diária, por exemplo, como é difícil manter o mesmo ritmo e a mesma energia todos os dias da semana.
Observe como hoje você pode se sentir mais flexível, mas amanhã poderá apresentar menos mobilidade. Veja como, durante uma temporada, você pratica uma certa postura com extrema destreza, mas depois de alguns meses, devido a vários fatores possíveis,
a mesma postura não é possível.
E o estado da mente?
Esse também muda todo o tempo !!!
Por exemplo, a prática de hoje pode tê-lo deixado extremamente contente, mas a mesma prática amanhã pode deixá-lo ansioso ou
irritado.
Num determinado dia você pisa no tapetinho com desejo de praticar e num outro momento se sente arrastado para a tal prática como se isso fosse um sacrifício.
Hoje gostamos disso, amanhã não gostamos mais !!!
E aí que nos sentimos derrotados, fracassados e dizemos:
- “Essa prática não é para mim, não consigo isso, não faço aquilo, nunca conseguirei desenvolver uma prática como essa ou aquela pessoa”.
Vemos aqueles que estão no Yoga todos os dias, posturas perfeitas, ritmo perfeito, repetições perfeitas. Como é que eles não são abalados por nada? Será que não são afetados mesmo, ou nós é que pensamos ou julgamos sem nos dar conta?
Desistimos de tudo porque não compreendemos que tudo no Yoga é impermanente e essa é uma das grandes lições dessa escola.
A mudança é nossa única certeza!!!
Qual o antídoto então para não desistir dessa prática em meio às constantes mudanças que ocorrem física e mentalmente, e no mundo exterior?
No Yoga Sutras de Patanjali encontramos o sutra 1:14 que nos diz :
- “O esforço é estabelecido pela prática por um longo tempo, sem interrupção, e com reverente devoção.”
O esforço para estarmos ali no tapetinho diariamente sobrepuja as mudanças, nos ensina a não desistir e a continuar com total devoção. E isso leva tempo, muito tempo!
E, durante esse tempo, entendemos que tudo muda: o tapetinho, o estúdio, o professor, nossa mente, nosso corpo, a respiração, as estações da vida assim como as estações do ano, nossas rotina, tudo muda.
Aprendemos então a estar conscientes e presentes !!!
Aprendemos que a mudança é nossa única certeza
Que tal se hoje, diante de todos os desafios apresentados pelo COVID-19, pelo comportamento das pessoas que nos rodeiam, e pelo nosso próprio comportamento, nos esforçarmos para estabelecer uma prática de compreensão, de participação consciente, e de inclusão do outro?
E se praticarmos isso em todos os lugares, todos os dias, sem interrupção, com devoção?
Esse é o antídoto para não desistirmos da vida, para não nos sentirmos derrotados pelas mudanças atuais, as quais não faziam parte dos nossos planos maravilhosos para 2020.
O Yoga nos ensina adaptação, resiliência e consciência
Através do Yoga aprendemos que a mudança e nossa única certeza, nossa aliada no processo de crescimento que é a vida.
Caminhe na Beleza,
Celia Hemingway
*Se você deseja estabelecer uma prática sólida e diária, entre em contato comigo
Celia_hemingway@yahoo.com
Celia não conhece outra profissão – sempre foi professora. Trabalhou com crianças de 6 a 16 anos como professora escolar. Instrutora de Ashtanga Yoga pela AYC com Tim Miller e Meditação, Bióloga, Linguista pela Brigham Young University, Reikiana, Theta Healer, Inner Engineering, iniciações ao Munay-Ki. Há 10 anos deixou as salas de aula para se dedicar ao estudo e ensino do Yoga, criando oportunidades para que todos possam se beneficiar dessa prática.