Inicio este artigo citando a célebre frase de Sócrates, um dos mais famosos filósofos gregos – “So sei que nada sei”- te convidando a embarcar nesta reflexão comigo, torcendo para que eu consiga te levar um pouco da paz que encontrei me aproximando mais da filosofia neste momento de introspecção.
Filosofando…
É ela, a Filosofia, que nos proporciona, de forma intensa e profunda, entrar em contato com a dimensão existencial da vida.
Levando em consideração que os filósofos sempre conseguiram transformar os momentos de isolamento em algo produtivo, deparei-me com o presente que o isolamento social me proporcionou: repensar o meu projeto de vida.
A certeza de que tenho pouco, ou praticamente nenhum controle sobre muitos aspectos da minha vida, me libertou.
Sim! As minhas reflexões filosóficas me libertaram para amar a minha vida como ela é.
Aceitei as circunstâncias atuais, as minhas dificuldades, as minhas limitações, a minha fragilidade, aceitei as coisas como são e como estão e me senti mais forte.
A certeza de que “nada sei”
A fragilidade enalteceu o sentimento de empatia pelo próximo, onde enxerguei com uma verdade dilacerante que eu poderia estar no lugar do outro que não tem onde morar, não tem o que comer, que não tem acesso à ajuda de profissionais de saúde no momento de maior necessidade.
Tive a certeza de que “nada sei” !!! Ah, que liberdade isto me trouxe…
Encontrei forças para viver com sanidade mental e entender a necessidade da mudança, buscando novos sentidos, e ter a espiritualidade como parceira para me ajudar a buscar um novo sentido na vida.
Encontrar resiliência na solidariedade
Percebi o quanto gosto de ajudar as pessoas, mesmo aquelas que não conheço e que, provavelmente, nunca venha a conhecer. Mas saber que consegui fazer só um pouquinho já me faz feliz.
Conseguir contribuir com algo para uma família que está em situação vulnerável preenche o meu coração de alegria. Doar-me para o outro me torna mais resiliente e feliz.
Conhecer as minhas dificuldades e meus pontos de escuridão me trouxeram uma capacidade de resiliência, e esta capacidade pode nos transformar.
Senso de coletividade como meio para atravessar a crise
Se cada um de nós conseguir se modificar só um pouquinho, conseguiremos construir uma sociedade mais altruísta e feliz.
Porque a felicidade não está no “Ter”, mas no “Ser”, no que sou para o Outro, em como ajudo o Outro a superar as adversidades, que podem ser similares às minhas…ou não. Mas não importa, porque a intenção e a doação fazem esta diferença.
Me despeço deste artigo apresentando um poema do escritor argelino Albert Camus, cujo título eu não sei e, mesmo pesquisando, não descobri, mas que parece ter sido escrito especialmente para o momento em que o nosso doente planeta Terra atravessa.
*Foi recitado durante uma live linda com o meu professor e mestre, o Dr Taki Cordas.
“No meio do ódio, descobri que havia, dentro de mim, um amor invencível.
No meio das lágrimas, descobri que havia, dentro de mim, um sorriso invencível.
No meio do caos, descobri que havia, dentro de mim, uma calma invencível.
E, finalmente, descobri, no meio de um inverno, que havia, dentro de mim, um verão invencível. E isso faz-me feliz.
Porque isso diz-me que não importa a força com que o mundo se atira contra mim, pois dentro de mim, há algo mais forte – algo melhor, empurrando de volta”. Albert Camus.
Um abraço carinhoso, até o próximo mês.
Psicoterapeuta que utiliza da modalidade online , para pessoas que moram em outras cidades e estados brasileiros e de brasileiros que moram no exterior.
Psicóloga graduada pela Universidade Paulista Unip.
Com Especialização em
– Teoria e clínica psicanalítica
– Neuropsicologia
– Psicologia do Esporte
– Transtornos alimentares
-Integrante da equipe multidisciplinar do Ambulim- ambulatório dos transtornos alimentares do IPq- HCFMUSP.
– Supervisora dos terapeutas da equipe de Cãoterapia na enfermaria do Comportamento Alimentar do Ambulim- IPQ HCFMUSP.
– Pesquisadora na área dos Transtornos Alimentares do IPQ- HCFMUSP.
– Coautora do livro “Como lidar com a automutilação “ Editora Hogrefe, 2017.