Pontualidade Americana

Aprendendo e adaptando a nova cultura

o que tenho aprendido

Tenho aprendido respeitar os horários. Me dei conta sobre chegar atrasada nos lugares e achava que isso era normal até começar a sofrer as consequências desse péssimo hábito que tinha ( como é bom colocar esse verbo no passado ). Quando ainda não tinha consciência e chegava atrasada em alguns lugares com algum tipo de desculpa ( trânsito, neve, chuva  etc) que aqui nos USA não rola, ao contrário, atraso aqui é falta de respeito e educação.

Aqui as exceções exitem sim e são respeitadas e usadas para caso de emergência, acidente, catástrofe ou doença comprovadas por atestado médico. Vou contar algumas situações rapidamente para exemplificar a diferença entre exceção e responsabilidade.

No final do ano passado nevou bastante num dia x, estava indo para escola e nesse dia sai meia hora mais cedo de casa para me garantir, porém, encontrei alguns acidentes ( exatos 3 acidentes ) na Free Way ( principal avenida ), ficou tudo parado e fecharam uma das saídas por conta da neve e dos acidentes, só que com esse imprevisto atrasei duas horas para chegar na escola.

Perdi a primeira aula, expliquei o ocorrido a professora e a mesma me orientou a conversar com a conselheira ( única responsável por cancelar faltas ). Fui conversar com ela e a mesma sem muita explicação me respondeu: ” sim eu escutei no rádio sobre os acidentes e entendo sua situação, sua falta foi anulada, volte para aula e continue sua rotina “. Meu aprendizado aqui foi: sim eles respeitam as exceções, não fazem drama, resolvem a situação e voltamos a rotina normalmente, sem fazer daquilo um outro evento.

Outra situação oposta que me trouxe o aprendizado que precisava foi quando enfiei a mão no bolso para arcar com meu atraso.  Quando meu filho veio me visitar no começo do ano passado, levei ele para conhecer alguns lugares e um deles foi Las Vegas, fomos os primeiros a chegarmos no aeroporto que abriria as 6:00 AM, chegamos até a dar uma cochilada antes porque chegamos muito cedo, mas nos distraimos quando decidimos tomar um café antes do embarque. Pegamos uma fila terrível na esteira e para piorar, fiscalizaram nossas malas da forma mais demorada e minunciosa que podiam e o senhor que estava fazendo esse trabalho demorou ainda mais quando expliquei e pedi a ele ( achando que se comoveria e entenderia minha situação ), disse a ele:  ” senhor, por favor, nosso avião vai decolar em breve e estamos correndo o risco de perder o vôo, o senhor poderia ir mais rápido, por gentileza ? ” . Ele me olhou e respondeu educadamente: I’m really sorry but it’s not my business ” que quer dizer, ” eu realmente sinto muito, mas isso não é problema meu ” e de fato não era problema dele.

Aprendizado no bolso $$

Perdemos o avião. Fiquei furiosa naquele momento porque foi muito chato, mas depois da reflexão agradeci porque aprendi a lição, pude ensinar ao meu filho também com aquela situação e tivemos que colocar a mão no bolso para comprar outra passagem e quando doe no bolso, você sabe. O aprendizado aqui foi que um simples café poderia ter esperado e ter sido tomado no portão de espera e não antes e também quanto mais se explica, pior fica, aquele senhor podia ter sido diferente? Sim podia, mas talvez eu não aprendesse de fato a lição e continuasse me enrolando com as mesmas desculpas.

” Acredito que somos a mudança que queremos ver no mundo “. Uso esse legado do mestre Gandhi para tudo que me acontece. No passado usava mil desculpas e continuava repetindo os mesmos padrões de erros, porém assim que comecei a transformar meu comportamento tudo começou a melhorar. Minha vida tem se transformado muito depois que parei de explicar ou responsabilizar pessoas, situações, culturas ou qualquer coisa e comecei assumir meus erros e ver o melhor na pior situação. O problema não é errar, está tudo bem em errar, o importante é aprender e parte do processo é assumindo os erros.

Sem ” Jeitinho… “

Outra situação, só que contrária: meu marido e eu decidimos pintar nossa casa, estamos fazendo cotação para saber os valores, uma amiga brasileira me indicou duas empresas brasileiras que fazem esse tipo de trabalho aqui, liguei para cada uma delas duas vezes para me certificar se tinha ligado certo, inclusive uma delas ficou de dar retorno, mas o fato é que até o momento nenhuma das duas deram retorno. Se elas me retornarem já estão descartadas porque a probabiliadade de atrasar ou vir a dar problemas já foi sinalizada na primeira impressão, a não ser que tenha acontecido alguma tragédia com as duas empresas poderia reconsiderar, mas ainda assim um retorno sempre é possível, mesmo que seja para avisar que no momento não posso te atender, isso se chama educação e respeito.

” Desculpa ” o duplo sentido dessa palavra

Não gosto dessa palavra ” desculpa ” por ter duplo sentido. Quando erro peço perdão e não desculpas. Percebo hoje em dia muitas reclamações e terceirização dos problemas, a culpa é do fulano, ciclano, beltrano, do Governo etc, sem nos darmos conta do nosso processo de responsabilidade na situação. Da mesma forma que não furo fila, não permito que furem a fila comigo, a não ser que seja de fato uma exceção, dessa forma terei o maior prazer em contribuir. Aprendi na prática o que é de fato ” Exceção ” e isso tem feito muita diferença. Muitas pessoas são mestres em falar bonito, mas praticam o oposto e o tempo sempre se encarrega te trazer as respostas e mostrar a realidade.

O famoso ” horário britânico “, só que na versão americana

Tem uma expressão famosa sobre horário que conhecemos bem:  ” horário britânico ” e não é só na Inglaterra não, respeitar horário é uma cultura de vários países ( observo isso nos americanos, asiáticos e europeus em geral ).

 

Opinião

Não estou defendendo uma cultura ou criticando outra, não é isso. Escolhi pegar o melhor de cada cultura e usar para meu próprio benefício e aprendizado. Acredito que cada país tem o seu  melhor e o seu pior e não cabe julgamentos e sim o aprendizado.

E você como lida com os horários na sua rotina? Você permite que se atrasem com você, como você se sente e agiria em situações como estas ? O importante é o aprendizado não é mesmo e de preferência sem prejuizo $$.

Comente, deixe sua opinião.

Um abraço, Dri