Halitose – o famoso bafo de onça

Quando o assunto é mau hálito 

Chegou a hora de mostrar um pouco do meu lado dentista para vocês e falar sobre um tema que muitas vezes torna-se constrangedor.

Afinal, quem percebe sente-se envergonhado em avisar e quem tem não sabe que tem.

SIM!!! Quem tem realmente não percebe e não há forma de fazer um auto exame confiável, a não ser soprar para que outra pessoa lhe avise.

Afinal, o que é halitose?

Estou falando de Halitose, também conhecida como mau hálito, o famoso BAFO.

Considerado um problema comum que afeta grande parte da população mundial (25%).

Causa constrangimento tanto para quem a possui como para as pessoas com as quais o indivíduo convive.

É um fator negativo importante na comunicação social, com impacto direto na qualidade de vida.

Está frequentemente associado a adultos e problemas estomacais.

Porém estudos sobre a origem da halitose mostram que 90% dos casos estão diretamente ligados as condições da cavidade oral.

Como é, quem é o alvo?

Principalmente pela presença da saburra lingual (aquela massa esbranquiçada em cima da língua).

  • 8% por alterações respiratórias e otorrinolaringológicas (sinusite, amigdalite, bronquites, cáseos, entre outras)
  • 2% gastrointestinais, renais e síndromes metabólicas.

É comum também encontrar um grande número de crianças e adolescentes acometidos pelo mesmo problema.

No entanto a queixa principal parte dos pais que muitas vezes erroneamente acabam buscando soluções no profissional errado.

 

 

BACTÉRIA SOLTA PUM??

Sim!! O mau hálito é provocado principalmente por gases chamados de compostos sulforados voláteis (CSV), produzido pela ação de bactérias sobre restos alimentares e células mortas encontrados na boca.

Como sempre explico paras meus pacientes de pediatria, as bactérias, como nós humanos, para sobreviver se alimentam das comidinhas que sobram enroscadas em nossos dente.

Também como nós humanos, eliminam o que não servem para ela, ou seja, a halitose nada mais é que o PUM da bactéria, e quanto mais restos alimentares mais bactérias e mais halitose.

A concentração desses gases (o PUM da bactéria) é usada como indicador da severidade da halitose.

Pequisas e estudos

Pesquisas vêm demonstrando que a presença destas bactérias na superfície lingual, saliva e gengiva podem desencadear além da halitose problemas sistêmicos como complicações na gravidez.

Doenças cardiovasculares e principalmente doenças respiratórias em pacientes internados e intubados.

Considerada a terceira causa mais comum de mortalidade de acordo com a Organização Mundial de Saúde (World Health Organization).

Como isso acontece…

A falta de controle da higiene lingual, bem como alterações do fluxo salivar também estão relacionados com o aumento da saburra lingual.

Onde a baixa produção de saliva e consequente aumento da viscosidade favorecem o acúmulo de bactérias.

Stress ou fatores hormonais podem afetar?

Essas alterações podem estar relacionadas a diversos fatores como: Utilização de medicamentos, stress, radioterapia de cabeça e pescoço, diabetes e alterações hormonais.

Sendo assim, nos adolescentes, as intensas transformações hormonais que influenciam nas características normais da gengiva.

Muitas vezes favorecem o processo inflamatório e corrobora com a formação de massa esbranquiçada sobre a língua e sangramento gengival o que piora ainda mais o quadro de halitose.

A halitose matinal é resultado da associação entre diminuição do fluxo salivar e relaxamento da musculatura oral durante o sono.

Isso viabiliza a multiplicação bacteriana.

Portanto crianças e adolescentes com mau hálito persistente ao longo do dia na maioria dos casos esta relacionado a respiração oral pelo aumento de ressecamento da cavidade oral e alteração de ph (acidez) salivar.

COMO SABER SE VOCÊ TEM HALITOSE?

Pouco divulgado no Brasil, contudo conhecido mundialmente e utilizado na área médica e odontológica, a mensuração dos CSV pode ser realizada por meio de um exame chamado:

  • Cromatografia gasosa, (equipamento Oral Chroma®).

É o método mais apropriado para detectar a halitose de diferentes origens e considerado padrão ouro na literatura.

A avaliação organoléptica (através do olfato) foi a primeira forma de análise do hálito, porém a capacidade olfatória pode ser influenciada pelo estado emocional do examinador e por condições climáticas.

Pesquisas e tratamentos

Em 2004, desenvolvido no Japão, o OralChroma utiliza um sensor de gás altamente sensível para mensuração individual de 3 principais gases, permitindo avaliar a intensidade do hálito e sua origem.

A coleta do exame é rápida, o Orall Chroma®, conectado ao computador (com software específico) captura a concentração dos gases, medindo os limiares dos CSV com muita precisão em apenas 8 minutos.

O tratamento convencional para halitose proposto pela literatura está relacionado primeiro a saliva:

  • controle do nível de acidez,
  • fluxo salivar estimulado por medicamentos ou estimulador químico e/ou mecânico,
  • utilização de ultrassom, tens e laser nas glândulas salivares.

Enxaguatórios Que Ardem, Nem Pensar

Na fase puberal indica-se um maior controle dos cuidados com a higiene oral, aumentando o número de escovações ao dia.

Uso adequado do fio dental, evitar o uso de enxaguatórios com álcool pois aumenta a descamação oral.

Ou seja, ardeu não usa. Em se tratando de paciente adolescente e com respiração oral, o tratamento passa a ser multidisciplinar.

De modo geral quando relacionado a presença de saburra língua (60% dos casos), o tratamento consiste na redução mecânica por meio de raspadores linguais ESPECÍFICOS.

Isso já vai garantir 60% de chances de não desenvolver o famoso BAFO DE ONÇA e consequentemente diminuirá a formação de tártaro e a susceptibilidade à cárie.

Cuidados e higiêne

Então a partir de hoje usar o limpador lingual corretamente pelo menos 2 vezes ao dia e avise o coleguinha do problema para que ele possa ter a chance de se tratar.

Grande beijo e até o próximo post.