Conheci milhares de estudantes de Yoga através dos anos, e o começo de todos é muito similar, assim como suas perguntas antes de embarcar no estudo dessa prática milenar:
- Preciso ser capaz de fazer essas posturas perfeitamente para praticar o Yoga?
Minha resposta é sempre a mesma…“tudo depende.”
Nossa sociedade ocidental conhece o Yoga como a prática de posturas que se complicaram com o decorrer do tempo.
Muitas pessoas entram para o Yoga com a intenção de adicionar mais uma possibilidade de exercícios físicos para sua rotina, o que não é condenável.
Cirque Du Soleil
Terminamos por colocar essa prática na categoria “coreografia,” onde a perfeição é almejada, e acabamos por nos frustrar e desistir de tudo.
Somos muito influenciados pela media social e suas fotos de posturas perfeitas, e a prática se torna superficial e incompreendida por muitos.
Afinal, há perfeição no Yoga?
Um dos livros referência para os yogis é o Yoga Sutras de Patanjali, o qual contém mais de 150 aforismos explicando o que é o Ashtanga Yoga e como essa prática se desenvolve.
Dentro destes 150 aforismos, somente 3 são dedicados a explicar a prática de asanas. Somente 3!!!
Nos contorcemos, nos equilibramos em uma mão, suamos por 2 horas 5 vezes por semana, tudo isso para praticar algo que não ocupa mais do que 3 sentenças simples em um livro.
Mas, o que são asanas?
Erroneamente traduzido como “postura”, o asana é uma combinação de ação física, respiração correta e foco.
A prática de asanas não é simplesmente entrar em uma “postura” que deve estar alinhada desta ou daquela maneira e mantida ali até que a próxima postura venha.
Estar em um asana significa que a ação física é consciente e equilibrada, que sua respiração se move de uma maneira específica para potencializar aquele asana através do aumento do prana, e que seu foco interno e externo estão presentes.
Há um entendimento das forças opostas fisicamente, mentalmentee emocionalmente.
Dualidade
Em realidade, a prática de asanas é um bom lugar para entrarmos em contato consciente com a dualidade da dimensão em que vivemos, e aprendermos a aceitar essa dualidade como parte de nossa jornada como seres humanos.
Dessa forma, podemos considerar o asana como sthira sukkham (relaxado), ou seja, estável, confortável, ou fácil.
Além do mais, podemos considerar um asana como “perfeito” quando estes três elementos estão presentes;
- Ação física equilibrada;
- Respiração correta e;
- Foco.
Mesmo que você pratique dois asanas durante sua vida, se estes tiverem os três elementos citados acima, você praticou Yoga.
Mas e aí…? Transcendi através do asana “perfeito”?
Como sempre digo aos meus alunos: tudo depende.
A prática do Yoga vai além dos asanas. Ela inclui um cuidado para que isso ocorra todos os dias, ou pelo menos 4 vezes por semana.
Inclui também o estudo dos textos do Yoga, assim como estudo de você mesmo.
Pranayam também é uma parte importante dessa prática durante os asanas. Depois à meditação, o uso de alguns ensinamentos propostos pela medicina Ayurveda e assim vai.
A transcendência depende muito do seu próprio conceito da palavra, e da sua perseverança no uso das ferramentas propostas.
Um pouco de cada vez
Paciência, consistência, dedicação, benevolência são qualidades importantes para o praticante de Yoga, onde nada acontece do dia para a noite.
Essa é uma jornada bela, desafiadora, e dualista em muitas partes do caminho.
Afinal, conhecer a si mesmo não é simplesmente se olhar no espelho e ver seu reflexo, mas sim, mergulhar mais fundo e entender todas as partes do ser.
Um dia de cada vez, um asana de cada vez, uma respiração de cada vez, um sutra de cada vez.
E, ao final, como nos diz o sutra 2.48: ” se o asana for praticado dentro desta “perfeição” proposta, contendo os elementos citados por mim, de maneira estável e confortável, com benevolência, podemos chegar ao ponto em que os pares de opostos que nos cercam não terão mais influencia sobre nós. Atingimos a liberdade, ou a transcendência que buscamos. Essa é perfeição do Yoga.”
Celia não conhece outra profissão – sempre foi professora. Trabalhou com crianças de 6 a 16 anos como professora escolar. Instrutora de Ashtanga Yoga pela AYC com Tim Miller e Meditação, Bióloga, Linguista pela Brigham Young University, Reikiana, Theta Healer, Inner Engineering, iniciações ao Munay-Ki. Há 10 anos deixou as salas de aula para se dedicar ao estudo e ensino do Yoga, criando oportunidades para que todos possam se beneficiar dessa prática.
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