As conversas que tenho escutado são bastante interessantes, especialmente depois de um ano atípico como o ano de 2020. Vamos concordar, foi um ano cheio de mudanças. Tivemos que nos isolar, parar com nossas atividades comuns, mudar a maneira como trabalhamos e como nos relacionamos com o mundo em geral.
Nada de viagens, passeios no shopping, banhos de sol à beira mar… paramos. Ou pelo menos tentamos parar. Sim, porque parar é difícil minha gente! Vamos falar sério, parar é desconfortável, não é normal.
Mas, o que é normal realmente?
Normalidade é um conceito interessante, e penso que humano. Normal, no meu entender, é aquilo que consideramos aceitável e parte de uma vida controlada sob certas normas que criamos para nos fazer felizes. O normal nos traz um senso de tranquilidade, controle, segurança e entendimento do mundo. Quando somos normais, o mundo é perfeito.
Julgamos nosso mundo e interações como normais de acordo com crenças que estabelecemos ao longo da vida, crenças essas que adquirimos dos nossos familiares, sociedade, igreja e escola.
Para ilustrar, compartilho uma experiência simples: quando me casei com meu primeiro marido, achava anormal o fato de que ele comia uma coxinha e tomava um refrigerante no café da manhã, lá na padaria que ele gostava. Na minha concepção de normal, ele deveria comer em casa o que é normal para o café da manhã, ou seja, pão com manteiga, café com leite, queijo branco, mamãozinho…
Obviamente, eu sou uma pessoa normal, certo? Certo… até eu mudar de país, e preparar arroz, feijão e ovo frito para o jantar do meu marido (o segundo, hahahah), e ele me informar que não é normal comer ovo no jantar, porque ovo é comida para o café da manhã! Como assim? Não é normal? Meu mundo caiu!!
Normal cadê você???
Buscamos normalidade num mundo feito de formas que se mudam o tempo todo, e essa é a qualidade dessa experiência mortal – as mudanças constantes das formas que conhecemos e queremos tanto solidificar como normais. E, quanto mais buscamos o normal como se estivéssemos caçando o tesouro mais cobiçado do mundo, mais nos frustramos e sofremos.
O normal é uma invenção egóica e elusiva, impossível de ser obtida. O que é normal para mim, não é normal para você; o que é normal para um ser humano, não é normal para um gato; o que vale como normal para um espanhol, não é aceitável para um brasileiro… e, infelizmente, guerras aconteceram, e continuam acontecendo quando um grupo tenta determinar uma normalidade universal para todos.
Normal – Ser ou não ser???
A conversa atual sobre normalidade gira ao redor da mais recente pandemia, a qual nos forçou a mudar nosso normal, e nos fez enxergar coisas que geralmente não vemos.
Tivemos que parar o que normalmente fazemos e expandir nossa visão do mundo e de nós mesmos. Parar é difícil porque nos coloca numa posição anormal e desconfortável de ter que nos reinventar, compreender o mundo de maneira nova, e nos dar conta de que nossa busca pelo normal para sermos absolutamente felizes é vã.
Afinal, desde que o mundo é mundo há pandemias, mudanças climáticas, destruições na superfície terrestre, extinção de animais, mortes, nascimentos, etc. Essas mudanças são a norma, e não o nosso mundo perfeitamente estático e normal.
Bem vindo o “novo normal” em constante transformação !!!
Todos queremos que o mundo volte ao que era antes, mas voltar atrás é regredir sem compreender que estamos dando um salto para uma realidade nova.
Não voltaremos ao normal, mas estamos caminhando em frente, em direção a uma vida diferente, a um mundo novo. Olhe para dentro de si mesmo, reinvente-se, busque novas direções, adapte-se.
A felicidade está em você!!!
Seja yoga.
Hari Om
Celia não conhece outra profissão – sempre foi professora. Trabalhou com crianças de 6 a 16 anos como professora escolar. Instrutora de Ashtanga Yoga pela AYC com Tim Miller e Meditação, Bióloga, Linguista pela Brigham Young University, Reikiana, Theta Healer, Inner Engineering, iniciações ao Munay-Ki. Há 10 anos deixou as salas de aula para se dedicar ao estudo e ensino do Yoga, criando oportunidades para que todos possam se beneficiar dessa prática.