É claro que você já ouviu falar, mas, assim como eu, não tem tanto conhecimento nem certeza da sua funcionalidade.
Dias atrás, participei do Festival Blockchain e, no artigo deste mês, vou dividir com vocês um pouco do que consegui entender sobre essa nova tecnologia, que cada vez mais vem ganhando espaço.
Como não sou especialista da área, meu conteúdo vai ser simples e didático, tentando trazer um pouco desse mundo louco da tecnologia para nossa linguagem.
Espero que dê certo, e a gente possa fazer alguma discussão sobre isso.
Blockchain. Um assunto complexo e interessante.
Numa tradução literal, quer dizer “corrente de blocos” ou, talvez, “cadeia de blocos”.
Trata-se da tecnologia que está por trás das criptomoedas e da mais famosa delas, o Bitcoin.
Mas não é só para isso que serve o Blockchain. Vários segmentos podem usufruir deste mecanismo inteligente.
Extraindo o conteúdo das palestras a que assisti, Blockchain, em uma definição básica, é:
um grande banco de dados, diferente dos usuais, que é compartilhado e distribuído, além de formado por partes que não têm um elo de confiança, mas estão em uma relação e precisam que o processo seja validado.
Essa validação se dá de forma consensual, em que as partes envolvidas vão alimentando as informações desta cadeia de interesses.
Sua principal caraterística é que ele provê integridade e segurança, sendo o processo totalmente transparente para os envolvidos.
Todas as informações são criptografadas, e uma vez que o dado entra no Blockchain não pode mais ser alterado, apenas revisado, ficando registrado em todo o histórico do processo. Esse, é um dos principais mecanismos de segurança.
E para cada interesse é montada uma cadeia, onde os chamados “mineradores” vão agregando os conteúdos pertinentes a essa rede.
Outra característica interessante é que não existe um regulador central, uma autoridade única, para prover a autenticação do processo. Todos os que fazem parte de uma cadeia específica são responsáveis pela autenticidade das informações nela contidas.
É claro que vou exemplificar.
O case que achei mais fácil para entender o processo é o de segurança alimentar, que se refere à cadeia da agricultura para exportação. Uma operação bem exigente.
Essa cadeia envolve produtores rurais, indústria de processamento, logística, varejistas e consumidores.
Até hoje, tudo é feito com um misto de online mais papelada para reforço, havendo muito risco de fraudes e perdas diversas, relativas a desperdício de produtos contaminados, além de fraudes em alimentos e documentos, na rastreabilidade para segurança e no preenchimento de requisitos regulatórios.
Esse é um produto da IBM, chamado Food Trust.
Como funciona com o Blockchain?
Cria-se uma cadeia em que todos os produtores compartilham as informações sobre seus produtos, como as referentes ao processo de cultivo e à qualidade da colheita, e toda a rede participante vai alimentando com suas responsabilidades, sabendo exatamente a situação em cada etapa do processo.
O consumidor final, por sua vez, pode baixar um aplicativo e checar todas as informações do produto que está consumindo.
A proposta aqui é ser verdadeiro e transparente, deixando o processo muito mais seguro e eficiente.
Quais outras indústrias podem se beneficiar?
Como eu disse no início, o Blockchain serve para diversos segmentos.
O financeiro pode fazer muito bom uso deixando a relação com seus clientes muito mais prática, rentável, transparente e segura.
Já existem diversos projetos em andamento sendo validados pelas principais instituições financeiras.
Para o segmento de direito também é interessante, pois os contratos podem ser colocados na rede e validados de forma mais rápida e segura.
O mercado imobiliário pode utilizar para registrar compra e venda de empreendimentos e moradias.
O varejo pode ter o processo facilitado conectando vendedores a compradores.
Na área da saúde, através de registros médicos com dados sensíveis e compartilhados.
E mesmo no mundo da arte, trata-se de um canal em que o artista registra sua obra e resguarda seu direito sobre ela.
A lista de possibilidades é extensa.
Na publicidade, então, seria de grande valia. Mas este é um assunto para um outro artigo inteiro.
Mas o que está emperrando a alavancagem do Blockchain, se ele é tão bom assim?
No meu entender, de tudo o que ouvi, são três verdades.
- Ainda falta evoluir na tecnologia, pois é algo complexo que requer estrutura e bons programadores com essa linguagem.Fica aqui a dica para a turma da tecnologia, que pode se destacar nesse contexto: buscar saber mais sobre isso, porque eu mesmo não faço a menor ideia!
- A composição das leis para esse universo é bastante complexa. Leis não se atualizam na velocidade necessária para acompanhar a tecnologia. Se no mundo real ainda apanhamos tanto, imagine no mundo virtual.
Pessoas, interesses e relações de confiança: no fim, é disso que estamos falando.
3ª) O mais importante, ao meu ver, é que estamos falando da relação das pessoas, o que, na maioria das vezes, envolve interesses e dinheiro.
Por isso, é tão complexo.
Falar de confiança e transparência na relação com pessoas que você nem conhece, em um ambiente desconhecido, no espaço cibernético, totalmente criptografado, e, o que é pior, sem um regulador central a quem você possa recorrer e, ainda mais, sem uma lei específica!
E se o Bitcoin for uma bolha e estourar a qualquer momento, quem vai socorrer quem?
Dúvidas para o conhecimento e a evolução.
Isso tudo me parece muito misterioso: uma teia de dados e interesses estruturada e validada por pessoas.
Quem, afinal, são os mineradores, os reguladores que vão validar as informações e criptografar tudo isso?
A linguagem da tecnologia é algo que apenas uma minoria conhece.
Estamos falando de pessoas, e estas são mais complexas ainda.
Eu realmente tenho dúvidas, muitas! E isso é bom, porque nos faz parar para pensar, refletir, buscar respostas (que nem sempre vêm fácil).
Por isso, quis dividir com vocês o pouco do meu conhecimento, pra gente pensar juntos.
O que você achou disso tudo? Vou gostar de saber.
Um beijo
Fabiana Maia
Ƹ̴Ӂ̴Ʒ A vida em transformação.
Publicitária, formada em Comunicação Social com especialização em Publicidade e Propaganda e pós graduada em Administração & Marketing, Diretora de Mídia na Talent Marcel e foi professora nas universidades FAAP, Anhembi Morumbi e Mackenzie.