Orgulho – o vilão do equilíbrio e suas 5 armadilhas

A maioria dos artigos que posto são para fomentar a melhor versão. Ferramentas e estruturas mentais exatamente para ajudar a despertar e expandir o que há de melhor dentro de nós.

Porém, tem dias que nos sentimos vulneráveis

Hoje…bom, hoje é para contar que nem sempre você estará na sua melhor versão. E também está tudo bem. 

O fato é que saber lidar com isso é tão decisivo quanto saber recuperar esse novo lado. 

O problema é o quanto lutamos para que somente a melhor versão esteja em cena (e acredite, isso não tem nada de contraditório).

Explico melhor: Já percebeu que tem dias que você pode estar irritado, cansado ou até mesmo incoerente (sua vontade era fazer uma coisa e suas ações são exatamente o oposto?).

A preciosidade do momento caótico

Então, ninguém contou, mas essas situações se cuidadas com atenção e consciência (às vezes você pode precisar de ajuda para decifrar isso, porque às vezes sozinho é mais difícil mesmo) podem ser os maiores presentes da sua evolução.

Sentindo na pele o inesperado

Vou compartilhar um caso meu com vocês: Este final de semana estava tudo perfeito, tudo arrumado, contas pagas, zero pendências e um super almoço delícia em família.

Até meu filho de 2 anos decidir fazer sua birra mais histórica – somada a todas as outras que ele vinha fazendo nos dias anteriores de forma progressiva. Mas essa foi recorde, com direito a tapas, gritos e se jogar no chão.

Não cuspir para cima (sobre julgamentos) 

Sabe aquelas cenas que faz você querer desaparecer do universo – e se sentir mal por julgar todos os outros pais que mesmo inconscientemente você julgou quando viu situações assim? Então, foi essa cena!🙄👍🏻

Isso desencadeou em mim uma série de emoções e tive ali, no meio do restaurante uma crise de choro.

Sim, desmanchei. Não sabia mais lidar com aquela sequência de 4 dias de feriado e final de semana com uma criança em constantes ataques de birra.

Aprendendo se acolher e saber que vai ficar tudo bem

Foi aí que me dei conta que algo em mim precisava ser olhado com carinho. Primeiro que aqueles fatos não eram “pra tanto”, vai?

Pensava: então porque tinha tido esse efeito sobre mim?

Senhoras e senhores, apresento a vocês os presentes disfarçados de caos.

Todas as situações que te tiram do eixo com força, são as válvulas que o inconsciente dispara e joga luz sobre o que precisa ser trabalhado. 

Buscando ajuda

Corri para a terapia, afinal, nada daquilo fazia sentido. Entre mil conexões, a matriz que estávamos trabalhando era o orgulho.

Não sei você, mas eu me perguntava qual seria a relação entre elas. Hã, doce ilusão achar que não se relacionam (leiam com voz de sarcasmo, merece!). 

Ahh…o orgulho, o grande vilão do equíbrio

Resumindo uma sessão de duas horas pude compreender algumas armadilhas:

O orgulho é uma das matrizes mais ardilosas e profundas. Ela vem disfarçada de várias máscaras para nos confundir e não enxergar o que precisa ser mudado. Ela vem em forma de:

  1. Extremo orgulho: “Estas pessoas não conseguem entender minha linha de raciocínio, na verdade não sei o que estou fazendo aqui com tanta gente burra e ignorante”
  2. Vitimismo – clássica, a culpa é dos outros sempre! “Porque minhas ideias são incríveis, se não fosse ……., isso seria um sucesso!”
  3. Auto e baixa estima (alternada)- em uma espécie de gangorra – se estou em uma posição favorável vejo os outros abaixo de mim. Em uma situação desfavorável (como desempregado, por exemplo) vejo todos melhores que eu. Assim, a percepção da auto-imagem depende da posição que eu ocupo perante o outro.
  4. Preocupação excessiva com o que pensam de mim – onde há a perda de autenticidade e consequente excesso de julgamento de si e dos outros.

E, por último, não menos importante (a que me pegou de jeito!),

5.  Auto-exigência – um estilo perfeccionismo que cruza a linha do saudável. Aquela necessidade de fazer tudo da melhor forma e, quando não acontece, aquele chicotinho clássico estala nas costas.

 

   Reconhecendo a própria sombra

Minha humilde concepção de maternidade, estava inteirinha ali, na auto-exigência.

Como não sei lidar com uma criança de 2 anos?

Foi aí que reconheci um general em mim. Sim, um lado meu que é todo autoritário e quer ensinar uma criança de dois anos a se comportar como adulto (como se isso fosse a coisa boa, e não ao contrário!). 🙋🏼‍♀️😩🤦🏼‍♀️

E essa incongruência inconsciente que estava lá operando faz sofrer, porque sabe que além de impossível, desconecta de tudo aquilo que de fato acredito e prezo: a leveza.

E é assim que as incongruências e contradições entram em cena de forma inesperada e tomam conta das emoções no dia a dia.

Viva nossa luz ! A chave da virada: Auto-desenvolvimento

É exatamente por isso, que o processo de auto-conhecimento pode ser libertador. 

Foi apenas uma tomada de consciência para que toda a leveza entrasse em cena de novo.

E essa, meus queridos, é uma etapa importante nesse processo: mesmo que a gente ainda não tenha fluidez no novo comportamento.

Só o fato de conhecê-lo, já transforma tudo ao redor.

Se por acaso você leu isso e pensou: “Nossa, mas tudo isso só por causa disso”, talvez você esteja fazendo como eu: julgando ao invés de sentindo.

Quando só o racional processa as informações, elas nos driblam até algo acontecer e acessar todas as emoções sem pedir licença e “BUM”!

Explodir sem razão aparente. Porque estava aí, guardadinha, sem ser processada por inteiro. 

Como dica de filme sobre o assunto, segue aqui um vídeo de uma hora de duração que vale demais a pena:

O Efeito Sombra.

A coragem de olhar para o que precisa ser transformado. Uma hora de reflexões interessantes para vocês.

https://www.youtube.com/watch?v=rcfbxbihSsQ

Bom, mas afinal, escrever esse artigo tem um objetivo: Que o processo de consciência te ajude a lidar com tudo isso sem precisar passar pelas situações, necessariamente.

Como o orgulho é uma das matrizes mais cruéis, segue uma dica poderosa para reconhecê-lo no dia a dia:

  • Se tem o sentimento de humilhação ou frustração, é o orgulho quem está no comando.

Se vocês estão curiosos para saber como essa história terminou, aí vem a melhor parte.

Luz, sombra e inocência  

Corri para casa, sentindo um misto de alívio e incômodo. 

Cheguei e aquela carinha doce me aguardava como se soubesse o que tinha acontecido. Me abraçou com muito carinho e fez carinho no meu rosto. Chorei. 

Chorei por me ver em absoluta forma vulnerável. Por saber que apesar de ter evoluído em muitas questões, sou completamente aprendiz em outras. Por ver como ele é instrumento puro de transformação.

“Juntos somos melhores e mais fortes”

Felizes são as pessoas que podem conviver com outras que a ajudam na sua evolução. Sem aumentar o peso dela. Como verdadeiros parceiros de aprendizado.

Com ternura e respeito. Com desejo genuíno pela harmonia e paz. Porque de batalhas, meus queridos, já bastam as internas.

Me recolhi, respirei fundo. Agradeci. Como uma verdadeira aprendiz, o único lugar que me cabe nesse mundo.

Vamos (re)começar juntos?