O Despertar (ou o Despertador?) da Maternidade

Muitas mulheres me procuram perguntando qual a idade certa para ter filhos. Na grande maioria das vezes, acabo criando mais perguntas nas cabeças delas do que dando respostas concretas. A primeira coisa que costumo perguntar é : você realmente gostaria de ter filhos? Ou está cedendo a pressões sociais e culturais? A maternidade é um desejo ou uma obrigação para você? Digo isto porque muitas delas já me responderam que nunca tinham parado para pensar com verdadeira atenção e foco sobre este assunto. A grande maioria, porém, me responde que sim, que deseja viver a maternidade e que este é um sonho que querem tornar realidade. Mas quando? Com quantos anos? Em que fase da vida?

Nossas avós ou bisavós provavelmente não tiveram que fazer estas mesmas perguntas. As gerações anteriores à nossa vivia num ritmo crescer-casar-ter filhos que não exigia muitos questionamentos. Mas temos que entender que esta dinâmica mudou, e muito. Hoje, com a maior inserção da mulher no mercado de trabalho, mudanças nas questões sociais e maior aceitação das diferentes conformações de família, a idéia de filhos acaba sendo deixada para depois, postergada para um momento mais oportuno. Muitos casais optam por aguardar um momento de maior estabilidade econômica, formação profissional e pessoal para, então, pensar na idéia de aumentar a família. Mas, e se este momento demorar demais para acontecer? E se já não houver mais possibilidade de acontecer uma gestação espontânea?

Nós mulheres já nascemos com todos os óvulos que produziremos em nossas vidas dentro de nossos ovários (cerca de 400 a 500 mil). Cerca de 1000 folículos são “gastos”a cada ciclo menstrual, apesar de liberarmos apenas um óvulo por ciclo. Por volta dos 30 anos de idade, a fertilidade feminina começa a reduzir, com chances de gravidez caindo ainda mais significativamente após os 35 anos. E, ironicamente, é nesta mesma idade que a maioria das mulheres conseguem certo grau de independência financeira e estabilidade social. Assim, muitas delas terão dificuldade em atingir o tão esperado sonho da maternidade.

Mas, se não é possível mudar o momento de se planejar engravidar, o que podemos fazer para tentar controlar esta situação? Conversar com seu ginecologista sobre este assunto pode ajudar. Existem exames que podem avaliar o potencial reprodutivo dos ovários, tentando assim estimar qual a verdadeira “pressa” que devemos ter para programar a gestação. Em alguns casos, o congelamento de óvulos em idade adequada (preferivelmente antes dos 30 anos) pode funcionar como um “seguro maternidade”. Congelamos nossos óvulos esperamos não precisar deles, mas, caso seja necessário postergar o momento de engravidar, podemos utilizar estes óvulos coletados previamente para tentar garantir o sucesso da gestacão.

São muitas as opções no que diz respeito ao planejamento da maternidade, e todas elas têm seus prós e contras. O que não devemos é deixar de falar sobre este assunto, seja para programar o melhor momento, para deixar tudo de lado ou simplesmente para não ser pega de surpresa.