Choque cultural

Como é esse processo de choque cultural ?

Sabemos que todas as culturas, independentemente do país tem seu lado positivo e seu lado negativo. Tudo depende da ótica de cada um de nós.

O choque cultural, claro que existe, portanto, escolhi somar os lados positivos de cada cultura que cruzasse meu caminho assim que decidi vir morar nos Estados Unidos.

Optei em abrir a cabeça, o coração e evitar julgamentos.

Não tirar conclusões precipitadas, trabalhar meus preconceitos, melindres ou qualquer coisa limitante que pudesse se apresentar e me incomodar.

Desde coisas simples como comer algo que pareça estranho ou esquisito até o comportamento das pessoas.

Vou relatar algumas das minhas observações.

 

Espaço físico – O americano faz questão de ter seu espaço e mostrar

Observo isso desde uma simples fila:

  • Existe uma distância física entre eu o outro. Não se fica um atrás do outro colado e sim com um espaço para que a pessoa possa se mover bem.

A fila me chamou atenção porque no Brasil temos o hábito de ficar um atrás do outro sem dar espaço, dando a impressão que se dermos espaço corremos risco de alguém furar a fila.

Outra situação foi para dirigir:

  • Quando os carros param atrás do outro no farol, o espaço também é maior que no meu país. Ninguém ousa passar naquele vão para se beneficiar.
  • Aquela ” viradinha”  básica à direita ou à esquerda que achamos que não é cortada, aqui é pura falta de respeito ou educação.

Se errou o caminho e dar aquela ” viradinha”  resolveria a sua situação o problema é seu, pensasse antes, portanto, se vire e dê a volta necessária, sem surpreender ninguém que está do seu lado ou mesmo atrás de você.

No geral, os americanos se posicionam muito bem quando o assunto é espaço ou lugar.

 

Sobre refeições

Essa parte demorei mais para entender porque nós temos por educação oferecer o que estamos comendo, eles não oferecem.

Saía oferecendo o que estava comendo, mas a recíproca não é a mesma, mas se você sentir vontade e pedir eles te dão.

E o mesmo vale para ajuda, se você pedir eles te ajudam, caso contrário, eles pensam que você é capaz de resolver.

 

Sobre abraços e beijos

Aqui não é comum as pessoas se abraçarem ou se beijarem em lugares públicos.

As pessoas se cumprimentam com aperto firme de mãos e olhos nos olhos.

Quando se abraçam, é um evento. Tem algum motivo, por exemplo, quando não se vêem há muito tempo ou por ser aniversário, ou por ir viajar e saber que irá ficar um bom tempo sem se ver, casamentos, etc.

Isso não quer dizer que não sejam afetuosos.

Sim, os americanos são carinhosos e afetuosos do jeito deles:

  • Cozinham para as pessoas que gostam ou amam, telefonam, conversam e se preocupam em saber como estamos, são divertidos e engraçados.

Auto- independente

Serviços com mão de obra aqui na América costuma ser muito caro, por esse motivo pesquisam no Youtube como se faz e fazem. Desde coisas simples até as mais complexas.

Faxineira, babá, jardineiros, cabelereiros, empregada doméstica então é para os ricos. O preço é por hora e costuma ser alto dependendo da profissão.

Trabalhar em restaurante ou em serviços, não mostra que a pessoa não estudou ou se preparou na vida, ao contrário, você pode ser servido por alguém formado.

  • Fiz um artigo sobre a reforma que fizemos em nossa casa e compartilho como foi e quanto economizamos fazendo o serviço.

http://br378.teste.website/~adri6534/?s=Reforma+em+casa&submit=Procurar+no+blog

Funeral e Finados

Estive em um funeral e fui positivamente impactada por algumas razões:

  • Podem durar de 3 dias a 1 semana do funeral até o enterro. Não é como no Brasil morre num dia e se enterra no dia seguinte.
  • Cerimônica ou ritual de despedida: estive presente em uma parte do funeral, foi no dia do enterro.

Percebi alguns rituais muito interessantes que gostei muito: foi de uma senhora, ela deixou 6 filhos e o marido.

  • Cada filho fez sua carta e foi no altar para ler e expressar seus sentimentos.
  • Choramos e rimos juntos ao ouvirmos cada filho e o marido lerem e interagirem com as histórias.

Detalhe: não conhecia essa senhora que faleceu, mas pude sentir o quanto ela é e foi especial, muito querida. Me emocionei com os familiares e amigos que ali estavam.

  • Assim que chegamos ao enterro, um dos filhos veio com uma super máquina fotográfica registrando todos os momentos da cerimônia.

Desde a chegada do caixão até conduzir a família para registrar os momentos em volta do caixão.

  • Depois do enterro, fomos todos para a igreja onde foi servido um delicioso almoço para a família e amigos.

Durante e pós almoço as pessoas interagiam e conversavam relembrado momentos vividos.

  • Outra coisa que me surpreendeu foi a decoração no salão de entrada. Víamos fotos da família, dos amigos, objetos de infância que expressavam valores sentimentais como, por exemplo, sapatinho de bebê e outras relíquias.

 

  • Abaixo um link do artigo que falo sobre o Finados.

http://br378.teste.website/~adri6534/finados-aqui-nos-usa-memorial-day/

 

Observar para aprender

Claro que fiz e ainda faço comparações com a minha própria cultura. Faço isso para evitar conclusões ou julgamentos precipitados.

Amo ser brasileira! Nossa comida com todo respeito do mundo, não tem igual. Sei que sou suspeita, mas é a minha preferida.

Nosso abraço caloroso, nossa criatividade e ginga em aceitar as situações que se apresentam nos faz flexíveis e donos de uma alegria contagiante. Acho isso incrível.

Acredito que o lado negativo cada um de nós conhece, ou pelo menos deveria conhecer para nossa evolução e não julgamentos.

Não só o lado negativo cultural como o nosso desenvolvimento humano, todos nós temos nossa luz e nossa sombra e assim é com a cultura dos países também.

  • Abaixo o link com a entrevista da criadora do Brazilian Festival, um evento que reúne brasileiros, americanos. Nosso Brazilian Day aqui.

http://br378.teste.website/~adri6534/utah-brazilian-festival/

Sabe o que mais me encanta na cultura americana?

O incentivo deles para conosco para aprender inglês, ou qualquer outro idioma.

Eles valorizam muito quem fala outro idioma, sabem dos desafios e das dificuldades.

Nunca tive nenhum americano rindo de mim quando falava e ainda falo  palavras com erros, ao contrário, me corrigem da forma mais natural e incentivadora.

Falam que meu inglês é ótimo (sei que ainda não é) e costumam ser sinceros quando pedimos para corrigir e dar feedback.

Infelizmente tive e vi pessoas (algumas) da minha própria cultura ” tirando sarro ” quando falei  alguma palavra ou frase errada, ou de outros colegas no processo do aprendizado.

Estou citando essa situação para que possamos mudar isso e nos incentivar mais, para que as pessoas que gostam de “tirar sarro”, dizendo ” é brincadeira “, reflitam e parem.

E quem está aprendendo como eu, ignore a pessoa ou essa ” brincadeira “, geralmente quem fala bem ou fluente não costuma ” brincar ” dessa forma.

Diminuir o outro para se sentir superior é muito pobre e pequeno.

As diferentes culturas

Estudei em uma escola com 30 países diferentes e meu passatempo favorito foi interagir com essas culturas, isso abriu muito minha cabeça.

Admiro muito parte da cultura japonesa, eles são muito dedicados.

Fiz amizade com uma colega de classe que já voltou para o Japão e ela costumava dormir na sala de aula.

Foi parte da sua rotina dormir na classe todos os dias a ponto de chamar a atenção dos colegas e a minha também.

Como havia me comprometido em não julgar ou tirar conclusão precipitada, ficava curiosa e não entendia porque ela dormia tanto, chegava a tombar a cabeça.

O mais curioso é que quando tínhamos alguns exercícios em grupo, aonde eu tive a sorte de fazermos juntas, ela abria os olhos e estava pronta, presente, interagia e fazia o exercício proposto muito bem.

Descobri depois de algum tempo, através de uma amiga (brasileira) que me mostrou um vídeo com vários japoneses dormindo no vagão de um trem.

Eles tem esse hábito porque é um descanso para o corpo e a mente nos dias que trabalham ou estudam muito.

Agora continuo não entendendo como eles conseguem acordam sem despertador na hora certa ou descer na estação de trem certa.

 

Entendo que é como se estivessem meditando ou descansando o corpo mesmo sentados, mas permanecem presentes e sabem quando chegarão ao destino, estando prontos no momento necessário.

 

Dicas de uma observadora e de uma eterna aprendiz

A dica que tenho usado e tem dado certo é:

  • Observar sem julgar.
  • Escutar sem interromper.
  • Pesquisar hábitos e costumes.

O choque cultural pode ser excelente, bom ou ruim e vai depender da escolha e maturidade de cada um.

Aproveitar essa rica oportunidade, viver essa experiência nos fortalece, faz evoluir em todos os sentidos.

Escolhi unir o melhor de cada cultura que encontro e como resultado tenho aprendido e me divertido muito.

E você, tem algum aprendizado ou história sobre choque cultural que pode compartilhar conosco?

 

Juntos somos melhores e mais fortes.

Com respeito, um abraço brasileiro e até o próximo post.